Os Sagrados Corações de Jesus, Maria e José

A beleza das representações artísticas pode ser uma ocasião muito propícia para a contemplação e elevação do espírito humano ao Criador. Provavelmente, ao pedirmos uma pessoa para representar o amor, logo virá a sua memória a imagem de um coração. Na linguagem bíblica, o coração está ligado a sede das decisões e das faculdades interiores: vontade, afeto, pensamento, sensibilidade, inteligência, caráter, memória. O amor é uma decisão. Para nós cristãos católicos, ele é a base fundante da experiência com o Ressuscitado, afinal, foi por amor que Ele se fez um de nós e por nós se entregou (cf. Gl 2,20). O coração! Síntese da decisão consciente de amar!

Quem mais do que Jesus sintetiza a beleza deste amor? Na iconografia cristã, seu Sagrado Coração é expressão viva de que o Amor não é um mero substantivo, mas um Verbo, que na sua dinâmica amorosa arde e queima qual fornalha insaciável. Amor que transborda até a suprema doação de si. O Coração manso e humilde de Jesus é também um coração ferido e chagado: ferido pelos espinhos da falta de correspondência de nosso amor; chagado para que precisamente aí na sua chaga aberta, encontremos refúgio: oceano de misericórdia.

Junto ao seu Coração Sagrado está o Coração Imaculado de sua Mãe. Maria tem seu coração coroado por rosas. Ela mesma é a Rosa Mística que exala o bom e suave perfume do ser totalmente de Deus, toda pura, toda bela, toda preservada da corrupção do pecado (a Imaculada Conceição). Maria nos recorda que ter um Coração Imaculado é viver segundo a Imagem e Semelhança de seu Criador, ainda que a dor, a angústia e as contradições desta vida presente possam custar uma espada de dor (cf. Lc 2, 34-35).

E não nos esqueçamos deste coração tão belo, justo e casto: o coração de José. Na eloquência de seu silêncio, José transborda o brilho da justiça e pureza. Já diz o responsório da Liturgia das Horas: o justo como o lírio brotará. E florirá ante o Senhor eternamente. Assumindo a paternidade legal de Jesus, São José permite que contemplemos seu coração aberto à Graça e às surpresas de Deus. Florescer como o lírio é permitir que a beleza do Divino resplandeça em nós. É permitir que Deus seja Deus e manifeste em nós sua Providência: Olhai os lírios do campo que são cuidados pelo Pai do Céu (cf. Mt 6,28).

Ao contemplar a representação tricordiana (3 Sagrados Corações) possamos olhar para o nosso coração, em profunda contemplação, e reflexionar: o quanto meu coração se assemelha ao Coração de Jesus? O quanto é manso, humilde e misericordioso? O quanto está aberto à Graça santificante à semelhança do Imaculado Coração de Maria e o Coração justo e casto de São José? É tempo de amar, sempre é! Que o amor torne seu coração um coração sagrado!

Pe. Júnior César de Sousa

Foto: Divulgação