Entrevista com Monsenhor Danival – Bispo eleito Auxiliar de Goiânia
O senhor sempre se colocou a serviço da Igreja com uma dedicação exemplar. Como será o Bispo Danival com seu novo rebanho?
Monsenhor Danival: Acredito que toda experiência que vivi até agora como padre, nas paróquias por onde passei e no trabalho de formação no Seminário São José, em Mariana, vai me acompanhar nesta nova missão como bispo da Igreja. Tenho consciência de que cada missão nova que a Igreja me confia é uma oportunidade de crescimento na vida espiritual e no exercício do sacerdócio. Portanto, não será diferente agora, pois a missão que me espera será totalmente nova, o que vai exigir ainda mais de mim o aprendizado. Na vida a gente está sempre aprendendo. Como bispo vou servir a Igreja a partir da experiência que adquiri até aqui, como padre, no exercício do pastoreio. Há muitas pessoas que me saudaram nesses dias e uma me disse: “continue assim, com o seu jeito de ser pastor e o senhor será muito feliz como bispo”. Assim espero continuar a minha missão, enfrentando os novos desafios como oportunidade de desenvolver ainda mais os dons que Deus me deu, sabendo que tudo é graça. Sempre confiei mais na graça de Deus do que na minha capacidade. Vou com o coração aberto para aprender com a Igreja particular de Goiânia e oferecer com generosidade o meu serviço nesta nova missão que me aguarda.
O que muda no agir e no pensar de Danival Milagres Coelho?
Então, minha vida agora muda por completo, pois não se trata apenas de uma mudança de Paróquia, mas sim de Arquidiocese. Deixo não só a Paróquia da Piedade, mas a Arquidiocese de Mariana para servir em outra Igreja Particular, em outro Estado, numa nova realidade, num presbitério que não conheço. Portanto, é uma mudança de vida e de missão. No meu pensamento, acredito que terei que cultivar a capacidade de conhecer e compreender esta nova realidade que me espera. Coloco-me apenas com o desejo de fazer a vontade de Deus, confiando que o seu amor que me escolheu para esta nova missão há de me sustentar neste serviço como sucessor dos Apóstolos. É preciso confiar mais na graça de Deus do que na minha capacidade e levo comigo o que Dom Luciano Mendes (in memoriam) me disse no retiro de minha ordenação presbiteral: “não tenha medo de assumir a missão mais exigente que a Igreja lhe confiar”.
O que o senhor leva na bagagem do período que esteve à frente da Paróquia Nossa Senhora da Piedade?
Levo as experiências que pude viver aqui no campo da pastoral e da administração, cujos desafios foram grandes, inclusive no período da pandemia, mas, com a graça de Deus e com o apoio dos fiéis, conseguimos realizar muitos trabalhos. Levo o carinho de muitos que acreditaram e me apoiaram ao longo destes seis anos e meio como pároco desta Paróquia. Levo ainda a devoção e o amor dos fiéis a Nossa Senhora da Piedade e agora a devoção a nossa Beata Isabel Cristina. O trabalho aqui no Santuário Nossa Senhora da Piedade é exigente, pois são muitos os atendimentos de confissões e celebrações, fazendo jus ao título de Santuário Arquidiocesano. Aqui acolhemos muitos fiéis de todas as Paróquias de Barbacena e região. Foi uma rica experiência espiritual que há de me acompanhar. Deus seja louvado, sobretudo, pela experiência única que aqui vivi com a preparação e organização da Beatificação da jovem Mártir Isabel Cristina. Foi um grande desafio, mas não me faltaram a graça de Deus e o apoio dos fiéis na organização e preparação desta grande festa da nossa Beata Isabel Cristina. Espero que os fiéis de Barbacena saibam valorizar ainda mais esta riqueza espiritual que a nossa cidade tem que é a Beata Isabel Cristina. Tenho afirmado que a nossa Paróquia não é a mesma depois da Beatificação, pois temos a grave responsabilidade de promover a devoção à Beata e dar continuidade ao trabalho em vista de sua Canonização. Levarei e divulgarei a devoção à Beata nas terras de Goiás.
Em toda sua trajetória, desde a Ordenação Presbiteral até a chegada da sua Nomeação para Bispo, o que mais marcou sua vida?
Cada missão que me foi confiada, ao longo destes vinte e um anos e meio como padre em nossa Arquidiocese de Mariana, foi marcante na minha vida. Fica difícil sublinhar apenas uma experiência, pois cada uma foi significativa e enriquecedora. Ao longo deste período fui Diretor Espiritual no Propedêutico, aqui em Barbacena e colaborador na Basílica de São José; depois fui Administrador Paroquial em Carandaí, minha primeira Paróquia; depois fui para Roma fazer o mestrado em Teologia Bíblica; ao retornar fiquei no Seminário São José, em Mariana, como formador e professor. Nesse período fui também Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto, onde pude realizar um trabalho bonito com a Pastoral Universitária; e por fim, Pároco aqui na Paróquia Nossa Senhora da Piedade e Vigário Geral para o Clero. No entanto, destacaria duas experiências relevantes. A primeira foi a experiência como Vigário Geral do Clero, auxiliando o nosso Arcebispo no trabalho junto aos nossos padres e diáconos. Nem sempre a gente é compreendido, mas tenho consciência de que sempre agi cumprindo somente aquilo que Dom Airton me solicitava e orientava a partir do Conselho Episcopal. Aprendi muito através do desafio do diálogo e da escuta de meus irmãos presbíteros, pois cada padre deve ser compreendido e respeitado em sua circunstância existencial que estiver vivendo. A segunda foi, sem dúvida, a responsabilidade de preparar a Beatificação da jovem Mártir Isabel Cristina. Eis uma experiência única, um marco histórico em nossa Arquidiocese de Mariana e em nossa Paróquia, que vou levar comigo, pois pude conhecer mais de perto a vida e as virtudes desta jovem mártir. Tanto é verdade que no meu brasão episcopal está a palmeira, símbolo da fortaleza e da resistência no martírio (testemunho), que o episcopado vai exigir de mim. Peço a intercessão da Beata Isabel Cristina em favor desta nova missão que a Igreja me confia.
O senhor foi fundamental por elevar ainda mais a devoção à Beata Isabel Cristina. Agora como bispo, como o senhor pretende trabalhar a devoção à Beata por onde estiver a serviço da Igreja?
Como disse acima, levarei comigo a experiência vivida na preparação da Beatificação e depois no cultivo da devoção à Beata Isabel Cristina. Na vida espiritual não podemos guardar para nós o que é graça de Deus. Portanto, de forma natural vou sempre cultivar a devoção à Beata Isabel Cristina, tornando-a mais conhecida, pois a Igreja nos ensina que a devoção aos santos deve nos levar a conhecer mais as suas virtudes. O mundo hoje carece de testemunhas na fé, de referenciais positivos, sobretudo, a nossa juventude e nossas famílias. Divulgar a devoção à Beata Isabel Cristina em vista de sua Canonização será para mim um compromisso de ajudar as pessoas a compreenderem e a acreditarem que é possível viver a vocação universal à santidade, que é um chamado recebido no Batismo. Reconhecer a santidade de uma jovem de nossos tempos é fortalecer a confiança na graça de Deus que nos santifica e acreditar que a santidade não é uma realidade inatingível para nós, pois ser santo não é ser perfeito, mas viver na comunhão com Deus e com os irmãos, testemunhando a fé pela caridade, conservando no coração a esperança cristã na vida eterna e feliz.