Como viver este tempo pascal?
Desde a Vigília Pascal, inicia-se o tempo pascal que se estende até o domingo de Pentecostes. É um tempo de festa e de alegria. “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 118/117,24). Somos orientados a celebrar “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes como se fossem um só dia de festa ou um grande domingo”.
Neste ano de 2025, o ciclo litúrgico da Páscoa terá um “colorido” diferenciado em nossas comunidades, pois estamos todos “comovidos” pelo falecimento do Santo Padre, o Papa Francisco. Mas nem por isso, deixemos de viver a fraternidade e a alegria da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois a vida de Francisco foi grande sinal de misericórdia, esperança, paz e alegria para o mundo inteiro. Rezando o retiro quaresmal, percebemos que não se contempla a ressurreição do Senhor pensando em si mesmo ou em seu proveito próprio. Alegramo-nos por causa da alegria do Cristo ressuscitado. É por causa da alegria d’Ele que somos felizes! Sua alegria é a nossa. E esta alegria se concretiza quando abrimos o nosso coração para ver, sentir compaixão e cuidar dos irmãos e irmãs, sobretudo os que mais sofrem.
É pela fé que celebramos a Ressurreição como um acontecimento do presente, de hoje, como uma vida nova, em comunhão com a humanidade inteira, com toda a criação restaurada pelo Espírito do Ressuscitado. O centro de nossa oração é Jesus Ressuscitado, que se manifesta através de diversos sinais: o túmulo vazio, e os lençóis e sudário abandonados; sua voz e figura de sempre, com as chagas, marcas da paixão. O Senhor ressuscitado se revela também no Companheiro de caminho que escuta o desabafo dos discípulos desolados, explica-lhes as Escrituras abrasando seus corações e se deixa reconhecer no partir do pão e na volta à comunidade (Itinerário de Emaús).
A fé pascal, iniciada para os discípulos no encontro com o Ressuscitado, é a fé que cada cristão deve continuamente amadurecer na vida. Ela exige, antes de mais nada, todo o reconhecimento de que Aquele que é o Vivente continua a ser para sempre o crucificado e que a sua história de sofrimento não foi anulada com a ressurreição, mas que foi completada e torna definitiva por ela. Esse reconhecimento ajuda-nos a lançar um olhar completamente novo sobre a realidade e opera em nós uma profunda conversão do coração. A oração pessoal diária, neste tempo pascal, por meio da Palavra de Deus, nos leva a aprofundar a fé no Ressuscitado, presente em nossa vida cotidiana e nos enche o coração de paz e alegria pela vitória de Cristo sobre a morte e todo o mal, impelindo-nos a promover a paz e a solidariedade.
Diante de todas as dificuldades do tempo presente, somos convidados a responder aos dons de Deus através das três virtudes teologais: fé, esperança e caridade (=amor). Em primeiro lugar, neste ano jubilar, está colocada a esperança, fundamentada na Ressurreição de Jesus (“renascidos para uma esperança viva”, como peregrinos da esperança – 1Pd 1,3); a fé, de outra maneira, faz aderir firmemente a Deus, porquanto a Sua mão poderosa guarda quem lhe pertence e faz superar também as provações, em vista da salvação eterna; o amor/caridade, finalmente, mas não menos importante, torna-nos capazes de olhar para além das aparências para mantermos o coração ancorado àquele Jesus que os olhos não veem. Com esta proposta, já nos preparamos para a meditação da liturgia do segundo domingo da Páscoa, o chamado domingo da Divina Misericórdia.
Tenhamos segurança e confiança de que com a humanidade ressuscitada de Jesus, entramos nas profundezas do Mistério de Deus. E assim, rezamos pelo repouso eterno do Santo Padre, o Papa Francisco, rezando também pela escolha do novo sucessor de Pedro, a fim de que a Igreja continue sendo fiel ao projeto salvífico de Deus, em Jesus Cristo Crucificado-Ressuscitado.
Para todos, feliz e santa Páscoa!